Atol das Rocas - O lugar mais lindo do Brasil onde turistas são proibidos

Atol das Rocas: o paraíso brasileiro existe e é para poucos (ainda bem)

11-Jan-2024
Redação | GuiaViajarMelhor.com

Atol das Rocas 11-Jan-2024

Um dos principais berçários da biodiversidade brasileira e segundo maior local de reprodução de tartarugas marinhas do Brasil. Essa reserva biológica é referência mundial em preservação! Entenda a importância de manter o Atol das Rocas e sua riqueza intacta

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Atol das Rocas é uma Reserva Biológica Marinha, acessível apenas por cientistas que desembarcam neste paraíso localizado no Atlântico. Apesar de não ter a fama devida, o atol é referência na preservação de espécies e controle de boa parte do bioma marinho brasileiro, restrito apenas para profissionais da área (ainda bem).

Para chegar no Atol das Rocas não é tão simples. Dependendo da embarcação disponível, os profissionais demoram cerca de 30 horas navegando de barco saindo de Natal, capital do Rio Grande do Norte. A distância de 270 km se torna pequena quando comparada à imensidão diversa desse aquário natural preservado cheio de recifes que emergem no meio do Atlântico.

Vista do alto, a paisagem exclusiva forma uma espécie de anel cercado por diversos tons de azul turquesa que embelezam ainda mais essa região de cenário único. As duas pequenas ilhas isoladas se localizam na boca de um antigo vulcão submerso, formando uma lagoa cheia de vida marinha – uma abundância tão rara quanto a sua beleza intocada. A maior ilha possui uma dimensão de aproximadamente 4km e paisagens que superam qualquer Maldivas.

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Bióloga e fotógrafa, Zaira Matheus já esteve em uma expedição até esse paraíso brasileiro quase inalcançável e super restrito. “A gente testemunha a natureza como ela é e no tempo dela. Você só tem isso porque o atol é extremamente protegido”, afirma. Não há fonte de água potável interna e toda a preservação tem um motivo: esse é o único atol do Atlântico Sul e reúne espécies diversas em um verdadeiro santuário natural.

Atol das Rocas – vida marinha realmente preservada no Brasil. Foto: João Marcos Rosa | National Geographic

Nesse paraíso ‘perdido’ é fácil encontrar tubarões, tartarugas, inúmeras espécies de peixes e crustáceos, além de concentrar a maior colônia de aves marinhas do Brasil. Por lá, além das paisagens que mais parecem um outro planeta, uma imensa abundância de vida selvagem torna esse oásis natural um refúgio hiper-exclusivo, principalmente para os animais que vivem nos arredores do atol.

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A preservação da Reserva Biológica Atol das Rotas também traz uma reflexão importante sobre como o turismo precisa repensar práticas ecológicas reais, para manter o meio ambiente de forma segura e preservada.

Essa reserva serve de exemplo para o Brasil, abrigando um dos biomas mais conservados do país, em condições intocáveis e imensamente preservada graças à administração de órgãos nacionais como o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Guardar as belezas de Atol das Rocas ajuda no controle das espécies, no entendimento científico e na reprodução de animais selvagens para futuras gerações.

Desde 2009 há uma única casa em Atol das Rocas, feita de palafita, que funciona como uma rústica estação científica para os pesquisadores que revezam estadias em turnos de 28 a 35 dias, literalmente ilhados no paraíso.

Referência em preservação ambiental, a reserva biológica de Atol das Rocas é única. Foto: João Marcos Rosa | National Geographic

Toda essa preocupação ambiental em preservar o atol não é exagero e tem uma justificativa. Esse é um dos mais importantes berçários da biodiversidade do país e o segundo maior local brasileiro de reprodução de tartarugas marinhas. Um sonho possível para poucos, mas que é extremamente importante manter-se preservado.

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Em uma entrevista feita para a National Geographic, a pesquisadora Alice Grossman, entende o Atol como o ápice do seu propósito de vida. “Quando comecei a faculdade de biologia tinha um objetivo: queria salvar o planeta. E logo entendi que não era fácil achar pessoas que queriam isso. Quando conheci a Zélia eu encontrei uma pessoa que verdadeiramente queria salvar o planeta”, afirmou a pesquisadora. “Mais do que isso: ela já estava salvando. Imediatamente entendi que eu podia fazer o mesmo. Que poderia e devia fazer coisas que de fato teriam impacto na saúde do planeta.”

Essa reserva biológica brasileira é referência mundial em preservação. Foto: João Marcos Rosa | National Geographic

O manifesto em forma de resposta, não economiza admiração citando Zélia, chefe da Reserva Biológica de Atol das Rocas há mais de 30 anos, nomeada ao cargo em 1993. Ela é servidora de carreira do Instituto Chico Mendes para Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e já dedicou mais da metade da sua vida para proteger um dos biomas mais importantes do planeta.

O paraíso brasileiro existe e é extremamente preservado (ainda bem). Foto: João Marcos Rosa | National Geographic

Maurizélia de Brito Silva, também chamada de Zélia ou Zelinha, já recebeu títulos invejáveis durante as suas conquistas biológicas. Em uma matéria publicada pela Época Negócios, a fotógrafa e cientista brasileira é chamada de ‘xerife do mar’, como forma de homenagem aos trabalhos que desenvolveu durante décadas, permitindo salvar o Atol das Rocas e mantê-lo intacto.

Zelinha – A guardiã de Atol das Rocas referência em preservação ambiental. Foto: João Marcos Rosa | National Geographic

A conservação no Brasil e a importância em se ver grande

Junto com o Arquipélago de Fernando de Noronha, Atol das Rocas faz parte das Ilhas Atlânticas, considerada Patrimônio Natural Mundial pela Unesco. Mas, muito mais do que um título, o atol brasileiro é referência mundial em conversação, considerado como um dos ambientes marinhos com menos impacto humano no mundo.

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Um dos motivos pelo qual o Brasil foi eleito um dos principais destinos de ecoturismo do mundo pela Forbes, foi pela sua preservação territorial. Embora não pareça, cerca de 30% do nosso bioma ainda está relativamente preservado, mas pensando na grandeza do país, esse número poderia ser ainda maior. As melhorias são óbvias por um dado irrefutável. Fazendo uma análise aprofundada, compreendemos que boa parte da concentração de pessoas ainda vive na região costeira do país.

O paraíso brasileiro existe e é praticamente intocável. Foto: João Marcos Rosa | National Geographic

Entretanto, nem a Reserva Biológica de Atol das Rocas, que está a cerca de 270 km da costa, está imune aos problemas de poluição e descarte incorreto de lixo e plásticos. Com o objetivo de mapear e entender esse cenário, um dos diversos trabalhos feitos pelos pesquisadores, consiste em catalogar lixos que chegam na ilha pela correnteza.

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“Observamos os eventos naturais, um swell ou a chegada de algas em grande quantidade; a questão da pesca; do lixo marinho; mamíferos marinhos; tartarugas; aves; elasmobrânquios, aeronaves no espaço aéreo da unidade”, lista Zélia. Os lixos que chegam vindos do continente, são desde garrafas de combustível a pequenos fragmentos. Cada um deles vai para a lista de monitoramento da Reserva Biológica, mantida pelos próprios pesquisadores.

A conectividade de um ecossistema rico, em uma área pequena, torna a importância da preservação ainda mais nítida. “O plástico é especialmente perigoso na reserva, já que lá tudo está conectado. Se acontece algo com os ninhos de aves, interfere na população de tartarugas”, afirmou Paulina Chamorro, repórter da National Geographic que esteve por lá para documentar a trajetória de Zelinha – a guardiã e figura indispensável para a preservação do Atol das Rocas.

Atol das Rocas abriga a maior colônia de atobá-mascarado do Brasil. Foto: João Marcos Rosa | National Geographic

De certa maneira, preservar é, além de cuidar, respeitar o Brasil e o planeta como um ecossistema vivo e interdependente. Diferentes reservas fazem o Brasil um país promissor, caso a preservação ambiental seja, de fato, levada a sério.

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Para se ter uma ideia, em 2021, mais de 2.500 unidades de conversação foram catalogadas pelo CNUC (Cadastro Nacional de Unidades de Conservação), organizado pelo Ministério do Meio Ambiente. Nenhuma delas tão rigorosa e verdadeiramente conservada como o Atol das Rotas, como no caso da sua ‘irmã maior’, Fernando de Noronha.

As unidades de conservação somam milhões de hectares, que, sendo preservados de maneira correta, podem ser agentes da transformação para crises globais. Entre elas, a mais desafiadora do século XXI, a tão comentada mudança climática. Por sua vez, essa que já assola o mundo todo, podem ser ainda mais severas em países subdesenvolvidos como o Brasil – no chamado injustiça climática.

Em um cenário global, o trabalho desenvolvido por décadas pela Zelinha e por outros pesquisadores que dedicam suas vidas ao Atol das Rocas e outras unidades de conservação, traz ao mundo um otimismo quase revolucionário. Práticas assim nos fazem entender que é possível fazer a vida valer a pena quando se tem um propósito claro e coletivo.

Atol das Rocas – O lugar mais lindo do Brasil onde turistas são proibidos (por uma boa razão). Foto: João Marcos Rosa | National Geographic
As cores impressionantes de Atol das Rocas. Foto: João Marcos Rosa | National Geographic

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