Viagens perfeitas para quem ama artesanato, decoração e presentes

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Que tal montar um roteiro dedicado a conhecer destinos a partir de sua produção artesanal? Veja algumas sugestões de viagens para quem ama artesanato

Viajar pelo Brasil é sempre uma delícia, tanto pelos cenários lindos que se pode ver quanto pela riqueza cultural dos lugares. E uma das melhores formas de conhecer a cultura de um destino é através de sua produção artesanal. A verdade é que, muitas vezes, o artesanato é visto apenas como uma forma de se ter uma lembrança das viagens, mas vai muito além disso. Através dele, comunidades garantem seu sustento e, ainda, compartilham suas tradições.

Por isso, ao programar uma viagem, vale muito a pena dedicar algum tempo para conhecer os polos de artesanato, seja em feirinhas ou até mesmo nas comunidades. E, se você quiser se aprofundar mais, é possível também fazer roteiros turísticos totalmente dedicados à produção artesanal de uma determinada região ou destino. Quer saber como? Vamos te contar nesse post quais são as viagens para quem ama artesanato.

Capitais do artesanato brasileiro

Viagens para ver artesanato
Foto: Vchoi/Wikimedia Commons

A produção artesanal tem tamanha relevância por aqui que existem várias cidades nomeadas capitais do artesanato brasileiro, seja pelo próprio governo ou pelo reconhecimento popular. Cada uma é responsável pelo trabalho com um tipo específico de material, como barro, cerâmica, palha, madeira ou tecidos. Porém, todas têm em comum a perfeição dos detalhes que tornam as peças belíssimas. Dessa forma, são ótimas opções de destino para quem ama artesanato.

Caruaru (PE): capital dos bonecos de barro

Viagens para ver artesanato: Caruaru
Foto: Karla Vidal/Pixabay

A cidade de Caruaru, no sertão de Pernambuco, tornou-se conhecida principalmente pela produção artesanal dos bonecos de barro. Inicialmente feitos por Mestre Vitalino, um artesão que, desde criança, produzia estatuetas para servirem como brinquedos, os bonecos de barro hoje são feitos por diversos artistas locais. Eles retratam a cultura e o povo do sertão nordestino e, atualmente, ajudam na subsistência da comunidade.

Ibitinga (SP): capital do bordado

Artesanato: viagem a Ibitinga
Foto: Clovis Ferreira/Flickr CC

Toalhas, colchas, tapetes, roupas de cama, almofadas, cortinas e tudo o que se pode precisar para montar um enxoval pode ser encontrado em Ibitinga, em São Paulo, a capital brasileira do bordado. A produção artesanal da cidade é muito forte, tanto que, desde 1964, os artesãos se reúnem na Feira do Bordado de Ibitinga, geralmente realizada no mês de julho. Em 2022, porém, houve ainda a 1ª Expo Bordado de Ibitinga, com dez dias de programação voltada ao trabalho dos artistas populares.

Maceió (AL): capital do bordado filé

Bordado Filé em Maceió
Foto: Cicero R. C. Omena/Flickr CC

O estado de Alagoas tem uma grande produção de peças com bordado filé e sua capital Maceió concentra muitos artesãos especialistas nesta técnica. O nome filé vem do francês “filet”, que significa rede. Ou seja, toda a peça é confeccionada em uma rede de fios, onde são trabalhados desenhos e figuras. É um trabalho belíssimo que pode ser encontrado em vários lugares da cidade. E, apesar de utilizar uma técnica estrangeira – que teve origem no Antigo Egito -, o bordado filé de Alagoas tomou forma própria ao longo dos anos, com um colorido especial nas peças super delicadas.

Petrolina (PE): capital das carrancas

Carrancas em Pernambuco
Foto: Clovis Ferreira/Flickr CC

Se Caruaru é famosa pela produção artesanal de bonecos de barros, a cidade de Petrolina, também em Pernambuco, é conhecida como a capital das carrancas. As esculturas esculpidas em madeira, inicialmente, tiveram origem nas estátuas que eram acopladas às embarcações para espantar os espíritos malignos dos mares. Mas começaram a ser produzidas como artesanato por uma pernambucana que fazia brinquedos de barro.

Ana Leopoldina dos Santos viu as carrancas dos barcos em Petrolina e teve a ideia de fazê-las no barro, com os olhos vazados – em homenagem ao seu marido que era deficiente visual -, e começou a vendê-las como item de decoração. As peças fizeram tanto sucesso que, em 2006, a artesã recebeu o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco.

Porto Ferreira (SP): capital da cerâmica artística

Cerâmica artística: viagens para ver artesanato
Foto: Cardeal de Lourdes/Wikimedia Commons

É possível encontrar em vários destinos peças produzidas a partir da cerâmica, mas especialmente na pequena cidade de Porto Ferreira, em São Paulo, é onde este tipo de artesanato tem mais força. Localizada a cerca de três horas da capital paulista, Porto Ferreira é responsável pela produção de uma grande variedade de cerâmica artística. Lá você encontra trabalhos belíssimos, tanto em louça branca ou colorida, e é difícil não levar algumas peças para casa.

Inconfidentes (MG): capital do crochê

Viagens perfeitas para quem ama artesanato
Foto: Uschi/Pixabay

Do mesmo modo, apesar do crochê ser uma técnica empregada em diversos locais, a cidade de Inconfidentes, no sul de Minas Gerais, é o lugar para quem quer encontrar a maior diversidade de peças desse tipo de artesanato. A produção de crochê na cidade nasceu durante a época da busca pelo ouro em Minas. Enquanto os homens trabalhavam nos campos e nos garimpos, suas esposas faziam crochê para ajudar no sustento da casa.

A produção ganhou força a ponto de as crocheteiras de Inconfidentes criarem um jeito único de segurar a agulha, a fim de melhorar o rendimento do trabalho. Como resultado, a técnica foi reconhecida como Patrimônio Cultural de Minas Gerais. Para se ter uma ideia da importância do crochê para a cidade, até suas árvores são decoradas com esse tipo de artesanato.

Poção e Pesqueira (PE): capitais da renda renascença

Renda renascença: artesanato
Foto: Divulgação

Outra técnica artesanal de confecção de roupas que rende trabalhos lindíssimos, a renda renascença tem em Poção e Pesqueira, cidades pernambucanas, seus dois maiores polos de produção no Brasil. A técnica foi desenvolvida em 1930 e tornou-se tradicional desta região do estado de Pernambuco. Hoje, as peças feitas pelos artesãos locais são enviadas para outros estados e até para fora do país.

A renda renascença é um tipo de artesanato muito complexo, o que exige tempo para que suas peças fiquem prontas. Um vestido de noiva em renda renascença, por exemplo, pode levar um ano para ficar pronto. Mas a espera vale a pena, já que fica incrível.

Monte Sião (MG): capital do tricô

Viagens para quem ama artesanato
Foto: Mabel Amber /Pixabay

Assim como o crochê, a capital do tricô também fica em Minas Gerais. A cidade de Monte Sião fica na microrregião de Poços de Caldas e é a capital nacional do tricô. E não é por menos. A produção de peças em tricô é muito grande por lá, tanto que a maior parte de seus visitantes são atraídos, justamente, por causa desse tipo de artesanato.

Vale destacar que a produção de tricô em Monte Sião começou de forma totalmente artesanal, na década de 1980, através das mulheres da cidade. Com o passar dos anos, ganhou força e, hoje, há várias indústrias formadas a partir de empresas familiares que garantem o abastecimento do mercado de roupas local.

Bezerros (PE): capital das xilogravuras

Xilogravura: artesanato para ver em Pernambuco
Foto: Divulgação/Gov.br

Próximo a Caruaru, o município de Bezerros, em Pernambuco, é a capital brasileira da xilogravura. Este tipo de artesanato é um dos principais atrativos da cidade e encanta quem passa por ali. Os quadros em xilogravura – técnica de desenho em relevo sobre a madeira – são ótimas peças de decoração. Além disso, compõem o acervo de um museu na cidade, batizado com o nome de José Francisco Borges, um cordelista e artista pernambucano que faz com as próprias mãos quadros lindos em xilogravura. Por isso, essa é uma das viagens para quem ama artesanato.

Roteiros para ver artesanato no Brasil

Viagens para ver artesanato
Foto: Mrpiccin/Wikimedia Commons

Além dessas cidades consideradas capitais do artesanato brasileiro, é possível fazer algumas viagens em lugares belíssimos que também são perfeitos para quem gosta de conhecer mais da cultura local através da produção artística.

Em outras palavras, a ideia aqui é desbravar regiões do Brasil e entender como as comunidades vivem e se sustentam por meio da produção artesanal. Isto já tem sido feito por muitos pesquisadores, como é o caso de Renan Quevedo, da curadoria Novos para Nós. Mas também é uma ótima opção de roteiro para quem busca experiências mais profundas.

Vale do Jequitinhonha

Cerâmica no Vale do Jequitinhonha
Foto: Pexels/Pixabay

O Vale do Jequitinhonha rende um roteiro interessante para quem quer conhecer mais sobre a produção de cerâmica no Brasil. Este tipo de artesanato é forte nas cidades que compõem a região. Ela começou nas comunidades de mulheres que se dedicavam a modelar o barro ao ar livre, assá-lo em fornos de argila e transformá-lo em sustento através de obras de arte. As peças retratam a paisagem do Vale e as suas próprias mulheres em bonecas. Além disso, é possível encontrar flores, rendas, rosas, santos, noivas e outros personagens.

Um roteiro de viagem para conhecer a produção artesanal do Vale do Jequitinhonha pode começar por Diamantina, cidade histórica encravada na Serra do Espinhaço. Depois, seguir para os vilarejos de Coqueiro Campo e Campo Alegre, que formam o núcleo criativo do Vale, na cidade de Turmalina.

Costa do Sauípe

Cestas de palha: artesanatos no Brasil
Foto: Anna Armbrust/Pixabay.

Conhecida como um destino paradisíaco com resorts incríveis, a Costa do Sauípe, na Bahia, é também um lugar para conhecer a comunidade através do artesanato no Brasil. Fora dos complexos hoteleiros, no município de Entre Rios, os artesãos locais conservam as técnicas tradicionais indígenas de trançar fibras vegetais das palmeiras para fazer objetos.

Os cestos de palha são as peças mais famosas da região, mas as criações incluem também bolsas, tapetes e chapéus de fibra piaçava com acabamento fino e colorido. Por isso, ao viajar para a Costa do Sauípe vale incluir no roteiro uma visita à comunidade.

Sertão de Alagoas

Bordados no Sertão de Alagoas
Foto: Divulgação

O roteiro pelo Sertão de Alagoas, conhecido como Caminho do São Francisco, permite que você visite não só a região como também suas comunidades, justamente a partir do artesanato local. A rota começa no município de Piranhas, uma cidade histórica que respira cultura, e segue pelas curvas do rio São Francisco, desde os cânions do Xingó até o rio desaguar no mar. Durante o trajeto, passa-se por diferentes povoados de bordadeiras à beira do rio, onde é possível admirar os trabalhos e aprender mais sobre sua cultura.

Jalapão

Artesanato: viagens para ver produção artesanal
Foto: Juliana Nashimoto Neme Francisco/Wikimedia Commons

O Jalapão é formado por nove municípios – Ponte Alta do Tocantins, Lizarda, Rio Sono, Novo Acordo, Santa Tereza do Tocantins, Lagoa do Tocantins, Rio da Conceição, Mateiros e São Félix do Tocantins – incríveis para conhecer. A região é perfeita para quem curte ecoturismo e contato extremo com a natureza, mas também é uma das viagens mais incríveis para quem ama artesanato.

Especificamente no povoado de Mumbuca você pode encontrar a produção de objetos a partir do capim dourado, derivado de uma planta característica dessa parte do cerrado brasileiro. Lá há cerca de 40 famílias de descendentes de quilombolas que trançam o capim dourado, transformando-o em bolsas, brincos e peças de decoração. Quem visita a região no mês de setembro pode, ainda, conhecer os campos de capim dourado e participar da festa da colheita.

Alter do chão

Cestaria em Alter do Chão
Foto: Dornicke/Wikimedia Commons

Outro paraíso natural que também rende um roteiro bacana para quem gosta de artesanato, Alter do Chão, no Pará, tem muitos artesãos de cestaria em palha. Aliás, as peças são o cartão de visita das comunidades dessa região da Amazônia. Os artesãos utilizam as folhas do tucumã, tipo de palmeira típica de lá, para extrair a fibra usada para trançar mandalas, cestas, potes, colares e bolsas com padrões geométricos. Para deixar as peças mais bonitas, utilizam cores intensas que vêm de pigmentos naturais produzidos à base de plantas locais, como a mangarataia e o jenipapo.

Quem viaja para Alter do Chão pode fazer um roteiro de turismo comunitário que inclui trilhas na mata, oficinas de artesanato nas comunidades e banhos nas águas do rio. Os turistas, geralmente, saem de Santarém e navegam pela bacia do Rio Tapajós durante quatro ou cinco dias, parando em vilas como Uru e Vila Brasil. E, não por menos, esta é uma das viagens mais interessantes para ver artesanato.

Serra da Capivara

Artesanato: viagem à Serra da Canastra
Foto: Douglas Iuri Medeiros Cabral/Flickr CC

Mais um roteiro interessante para ver artesanato a partir da cerâmica, a Serra da Capivara tem ceramistas que se inspiram na arte rupestre para produzir suas peças. Desse modo, além de belas, elas contam histórias milenares dos povos ancestrais. Produzidas e pintadas a mão, as cerâmicas da Serra da Capivara são resistentes e possuem design moderno. Hoje, são vendidas para todo o Brasil e para a Europa.

O principal polo de produção fica no município de Coronel José Dias que, apesar de pequeno, tem uma boa estrutura turística. Lá os turistas podem acompanhar o processo de modelagem, secagem e pintura das peças. Depois, podem seguir para o Parque Nacional da Serra da Capivara e aproveitar todas as belezas naturais da região.

Pampas gaúchos

Artesanato: viagens para quem ama arte
Foto: Daniela Senra/Wikimedia Commons

Por fim, nossa última sugestão de viagens para ver artesanato no Brasil é um lugar pouco explorado turisticamente, mas especialmente belo e repleto de história. Os pampas gaúchos guardam as memórias dos tropeiros e a tradição de tecelagem com lã pura de ovelha. Lá é possível fazer o roteiro Caminho Farroupilha, que conecta fazendas de criações de ovelhas e permite que você conheça, de perto, como são as tradicionais tecelagens.

Entre os lugares para ver, está o pequeno município de  Dom Pedrito, que faz limite com o Uruguai e concentra tecelãs que  já desenvolveram coleções com grandes designers brasileiros. Nas fazendas da cidade, os turistas podem acompanhar o trabalho das artesãs, desde a extração da lã até o processo em que ela é fiada, tingida com pigmentos naturais e, depois de filtrada, vai para o tear.

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