Nova Zelândia flexibiliza regras de visto para nômades digitais

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Mudança nas normas de imigração da Nova Zelândia busca atrair nômades digitais. Com isso, será possível dinamizar o setor de turismo em meio aos desafios econômicos que o país vem sofrendo desde a pandemia.

A Nova Zelândia anunciou recentemente alterações nas regras do visto para estrangeiros, permitindo que turistas desempenhem atividades remotas durante sua estadia no país. 

A mudança, divulgada em janeiro, faz parte de uma estratégia governamental para explorar um mercado emergente e estimular setores que enfrentam dificuldades econômicas, principalmente o turismo, que ainda não se recuperou totalmente das restrições impostas durante a pandemia do Covid-19.

A iniciativa permite que profissionais que atuam remotamente para empresas estrangeiras, ou mesmo trabalhadores autônomos com clientes fora do país, possam permanecer na Nova Zelândia por até 90 dias realizando suas atividades profissionais. 

Essa possibilidade é parte de um conjunto de medidas que acompanham o crescimento do perfil dos chamados nômades digitais, cujo número global, segundo o Skyscanner, já atinge 40 milhões e pode chegar a 1 bilhão até 2035.

A atualização das regras do visto prevê que os interessados façam a solicitação por meio do portal digital de imigração. A medida também inclui a cobrança de taxas específicas, como o valor fixo de NZD 341 (aproximadamente R$ 1.124,00*) e o International Visitor Conservation and Tourism Levy (IVL) de aproximadamente US$ 100 (aproximadamente R$ 576,00*), destinados ao financiamento de projetos de infraestrutura e conservação. 

* valores apurados em mar/2025

Auckland, Nova Zelândia
Nova Zelândia flexibiliza regras de visto para nômades digitais | Foto: Donovan Kelly/Pexels

Impactos na economia e no setor de turismo

Essa flexibilização representa uma tentativa do governo de mitigar os efeitos de uma recessão técnica registrada no terceiro trimestre de 2024. 

A economia da Nova Zelândia enfrenta desafios decorrentes de uma recuperação lenta do turismo. Com essa novidade, ela poderá observar um incremento na movimentação de visitantes que exercem atividades laborais durante sua estadia. 

Essa convergência entre turismo e trabalho remoto pode ampliar a demanda por hospedagem, transporte e serviços de alimentação, contribuindo, assim, para a geração de receitas e emprego.

O setor de turismo, que ainda opera em torno de 86% dos níveis registrados em 2019, pode se beneficiar da chegada de profissionais que, mesmo não sendo visitantes tradicionais, demandam serviços similares aos de turistas comuns. 

A expectativa é que esse novo perfil de viajante, mais conectado e com hábitos de consumo diversificados, estimule investimentos em infraestrutura e propicie o surgimento de parcerias entre o setor público e privado. 

Ao possibilitar a realização de trabalho remoto sem a necessidade de um visto específico para nômades digitais, a Nova Zelândia aposta em um processo simplificado para atrair um público internacional mais diversificado.

Além disso, a eliminação de exigências, como a comprovação de renda mínima, amplia o acesso a profissionais de diferentes perfis. Isso pode resultar em uma maior competitividade e dinamização do mercado. 

A expectativa é que a agilidade no processamento dos pedidos – com cerca de 80% das solicitações respondidas entre 3 e 5 semanas – torne o país uma opção atraente para aqueles que buscam conciliar viagens e trabalho. Com isso, será possível contribuir para uma recuperação gradual e sustentável da economia local.

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Nova Zelândia flexibiliza regras de visto para nômades digitais
Vila dos Hobbits é um dos lugares mais populares da Nova Zelândia | Foto: Bence Kondor/Pexels

A nova opção é destinada exclusivamente a trabalhadores remotos com vínculos profissionais fora da Nova Zelândia. 

Visitantes que pretendam atuar para empregadores locais deverão solicitar um visto de trabalho específico. Por outro lado, aqueles que desejam conduzir atividades empresariais em nome de empresas estrangeiras deverão recorrer ao visto de visitante empresarial. 

Essa segmentação tem o intuito de preservar a organização do mercado de trabalho e evitar sobreposições entre diferentes categorias de vistos.

O processo de inscrição, realizado por meio de um portal digital, foi estruturado para simplificar as etapas de solicitação e análise dos pedidos. Com custos definidos e prazos de resposta relativamente curtos, a medida apresenta uma proposta clara para os interessados. Desse modo, ela visa alinhar a política migratória da Nova Zelândia com tendências globais de flexibilização. 

Outras políticas internacionais

Nova Zelândia
Descubra a beleza intocada da Nova Zelândia: ilha cercada por águas cristalinas | Foto: Juliano Baby/Pexels

Vários países já têm implementado medidas para atrair nômades digitais. Na maioria dos casos, há o ajuste das políticas de visto para permitir que profissionais remotos possam trabalhar enquanto desfrutam de experiências turísticas

A Estônia, por exemplo, foi pioneira ao lançar um visto específico para nômades digitais, seguido por iniciativas na Itália, Espanha, Grécia e Costa Rica. Cada um desses países desenvolveu critérios próprios para a entrada e permanência de profissionais que atuam remotamente, visando impulsionar setores estratégicos de suas economias.

Em comparação, a Nova Zelândia opta por adaptar um visto existente em vez de criar uma nova categoria. Essa decisão pode facilitar o entendimento dos requisitos por parte dos interessados, já que muitos estão familiarizados com as normas do visto de visitante tradicional. 

A iniciativa neozelandesa reflete uma tendência global de adaptação das políticas migratórias às mudanças no mercado de trabalho, marcado pelo crescimento do trabalho remoto. 

Ao ajustar suas normas, o país alinha-se com práticas internacionais que visam explorar o potencial econômico dos nômades digitais. Essa estratégia permite, por exemplo, manter o controle e a organização dos fluxos migratórios. 

Essa comparação evidencia que, apesar das diferenças nos requisitos e procedimentos, a flexibilização dos vistos é uma estratégia comum entre nações que buscam incentivar o turismo e atrair mão de obra qualificada para atividades remotas.

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