Edifício Martinelli: um lugar para conhecer na noite paulistana

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Inaugurado em 1929, entre as ruas São Bento, São João e Líbero Badaró, em São Paulo, o Edifício Martinelli tem muita história. De hotel luxuoso a prédio mal assombrado, hoje tem um mirante que atrai jovens que querem aproveitar a noite paulistana

Fechado ao público desde 2020, o primeiro arranha-céu de São Paulo reabriu as portas em março e, agora, o Edifício Martinelli é o mais novo point que promete agitar o centro da capital paulista.

É no terraço do Edifício Martinelli, a aproximadamente 100 metros de altura, que as noites da maior metrópole da América do Sul têm se transformado.

O mirante do edifício está atraindo festas diversas: desde eventos com temáticas latinas, baladas eletrônicas até rodas de samba e exposições de arte. Além disso, ocorrem visitações guiadas pelo icônico prédio.

Administrado pelo grupo Tokyo desde o ano passado, o emblemático edifício está com um calendário especial de eventos até setembro. A agenda, em comemoração aos 100 anos do início de sua construção, promete ser mais um rolê imperdível na capital paulista.

Os eventos semanais estão sendo divulgados no próprio Instagram do Edifício Martinelli e virou a grande aposta da cidade de São Paulo.

Edifício Martinelli: um lugar para conhecer na noite paulistana
Terraço do Edifício Martinelli, em São Paulo | Foto: Moacyr Lopes Junior/ Reprodução Folhapress

História do Edifício Martinelli

O Edifício Martinelli teve sua construção iniciada em 1924, pelo imigrante italiano Giuseppe Martinelli. Inaugurado em 1929, o sonho de seu criador era construir o prédio mais alto da América do Sul

Na época de sua construção, o Martinelli se destacava em meio às demais construções da cidade, que tinham no máximo cinco andares. O Edifício Martinelli manteve seu título de mais alto do Brasil até a década de 1940. 

O projeto original previa 12 andares, mas Giuseppe, determinado a alcançar novas alturas, aumentou a construção para 30, resultando em 105 metros de altura. 

Para provar a segurança do edifício, ele construiu sua residência no topo. Inspirada em uma vila italiana clássica, com uma mansão de quatro andares, quinze cômodos, salão de festas e quartos de hóspedes.

Com uma arquitetura que mescla elementos barrocos e góticos, o edifício era conhecido por seu tom rosado. Por isso, ganhou o apelido de “bolo de noiva”, do escritor Oswald de Andrade. Nos seus tempos áureos, o Martinelli foi frequentado pela alta sociedade paulistana e abrigou um hotel luxuoso e o Cine Rosário. 

No entanto, na década de 1960, começou um período de decadência. Vendido e fragmentado entre mais de 100 proprietários, o prédio se transformou em um grande cortiço, abrigando prostíbulos e clínicas clandestinas. 

O lixo acumulava-se nos poços de ventilação, e a criminalidade cresceu, levando muitos a acreditarem que o edifício era mal-assombrado.

Em 1975, o Martinelli foi desapropriado e passou por um processo de restauração. Revitalizado em 1979, tornou-se sede de diversas repartições municipais. 

Em 2010, começou a oferecer visitas monitoradas gratuitas para interessados em sua história. Contudo, elas foram interrompidas no final de 2017 devido a alguns acidentes. Hoje, o Edifício Martinelli vive uma nova era.

De hotel luxuoso para prédio mal assombrado

Edifício Martinelli: um lugar para conhecer na noite paulistana
Parte interna do edifício | Foto: prediomartinelli/Divulgação

Antes de se tornar um dos ícones arquitetônicos de São Paulo, o Vale do Anhangabaú, onde hoje está o Edifício Martinelli, já possuía uma rica história. 

Habitado pelos povos tupi-guarani antes da colonização, a região era considerada morada de Anhangá, um espírito protetor das florestas. Para os povos originários, Anhangá não era necessariamente maligno, mas os colonizadores distorceram sua história ao longo dos anos.

Nos seus dias de glória, o Edifício Martinelli era um ponto de encontro da alta sociedade paulistana. Além do hotel São Bento e do Cine Rosário, o prédio também tinha uma academia de dança. Porém, o declínio começou quando Giuseppe Martinelli perdeu sua fortuna com a quebra da Bolsa de Valores de Nova York em 1929. 

Vendido ao governo italiano e, posteriormente, confiscado pelo governo brasileiro durante a Segunda Guerra Mundial, o prédio ficou vazio e começou a ser ocupado irregularmente na década de 1950. 

As histórias de terror associadas ao Martinelli surgiram muitos anos depois, quando o prédio, que antes simbolizava o glamour da elite paulistana, transformou-se em um cortiço dominado pela ilegalidade

A restauração nos anos 70, que revelou ossadas humanas, apenas intensificou o caráter enigmático do edifício. Assim, transformando-o em uma figura intrigante na paisagem urbana de São Paulo. Além de outros crimes, relatos de pessoas que vivenciaram situações sobrenaturais reforçaram os rumores do prédio ser mal assombrado.

Para os viajantes curiosos, o Martinelli oferece não apenas uma viagem pela história arquitetônica da cidade, mas também um mergulho nas fascinantes e sombrias lendas que permeiam seu passado.

Edifício Martinelli hoje – Projeto M100

Edifício Martinelli: um lugar para conhecer na noite paulistana
A história do edifício acompanha a da cidade de São Paulo | Foto: prediomartinelli/Divulgação

Com esse passado mal assombrado superado, em 2024 o Martinelli completa 100 anos de existência. Desde o dia 14 de março, está sendo comemorado o centenário do Martinelli como um presente para a cidade.

Serão 100 dias, que compõem o projeto M100, dedicados à arte, cultura, entretenimento e visitas guiadas gratuitas. Diversas atividades intercalarão a essência da arquitetura, história, design, inovação e sustentabilidade.

As visitações guiadas são totalmente gratuitas ao público. Você só precisa retirar os convites on-line para controle de capacidade, segurança e conforto de todos. No momento, os ingressos estão esgotados, mas novas oportunidades serão abertas.

Além disso, o projeto também receberá eventos artísticos e apresentações de uma série de segmentos do entretenimento. Promovendo, assim, encontros culturais plurais no centro histórico de São Paulo, com horários e valores diversos.

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