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Perto de se tornar centenário, o hotel Copacabana Palace continua sendo um dos ícones da cidade do Rio de Janeiro. Ainda hoje, o “Copa” embala a saudade de quem viveu seus anos de glórias e é objeto de desejo daqueles que sonham em se hospedar em suas luxuosas suítes. Mas você conhece a história desse verdadeiro cartão postal do Rio de Janeiro?
Antes era tudo mato…
Até o fim do século 19, a região de Copacabana não passava de uma pequena vila de pescadores, ao sul da cidade do Rio de Janeiro e isolada da sua rede urbana.
A região já era conhecida como Copacabana desde meados do século 18, derivando seu nome de uma pequena capela dedicada à Virgem de Copacabana, localizada em um ponto rochoso no extremo sul da praia. O nome da santa tem uma origem ainda mais remota, já que é derivada do idioma quéchua, a antiga língua dos Incas que é falada até hoje por milhões de pessoas no Peru, da Bolívia e do Equador. “Copa Caguana”, no quéchua, significa “lugar luminoso”. Há, ainda, “Copac Cahuana”, que significa o “miradouro azul”.
De qualquer forma, essa bela praia, de nome quéchua e importância imensurável na história cultural brasileira, só foi integrada à cidade do Rio de Janeiro perto da virada para o século 20. Isso ocorreu quando o túnel Real Grandeza (hoje conhecido como Túnel Velho) foi inaugurado, em 6 de julho de 1892.
Com isso, a paradisíaca Copacabana ficou mais acessível à população carioca, e, em pouco tempo, começaram a aparecer as primeiras casas de veraneio na região. Após a construção da Avenida Atlântica, iniciada em 1906, pelo prefeito Pereira Passos, o número de moradores na região cresceu rapidamente. Em 1920, o distrito de Copacabana já tinha mais de 20.000 habitantes.
A inauguração do Copa
O Copacabana Palace foi construído no embalo das comemorações do centenário da independência do Brasil, em 1922. Foi o presidente da república à época, Epitácio Lindolfo da Silva Pessoa (1919-1922), que concebeu a ideia de um novo hotel de luxo na região. Sua ideia era ter algo majestoso à espera dos convidados ilustres que chegariam ao Brasil para as festividades da independência.
Pessoa apresentou a proposta do hotel a Octávio Guinle, já um hoteleiro de sucesso, à época. Guinle era dono do Hotel Palace, no Rio, e arrendatário do Hotel Esplanada, em São Paulo, ambas as opções de hospedagem mais luxuosas em suas respectivas cidades. A proposta do presidente foi bem recebida. O hoteleiro anunciou, à época, que não pensava em construir um hotel para um evento específico, mas sim um monumento que seria fonte de orgulho para sempre.
Guinle contratou o arquiteto francês Joseph Gire para projetar o hotel, inspirado nos grandes hotéis da Riviera Francesa: o Carlton, em Cannes, e o Negresco, em Nice. Com isso, buscava aproximar o Rio de Janeiro de alguns dos destinos turísticos mais badalados do mundo, o que se mostraria um projeto acertado.
O plano de Epitácio Pessoa não foi bem-sucedido, já que o Copacabana Palace não foi concluído a tempo das comemorações do centenário da independência. Ele acabou sendo inaugurado oficialmente no dia 14 de agosto de 1923, quase um ano após a comemoração do centenário.
Já Guinle não poderia estar mais orgulhoso de seu empreendimento. À época de sua inauguração, o Copacabana Palace tinha um auditório, dois restaurantes e seis salões. Os quartos estavam mobiliados com as peças importadas de alto padrão, que incluíam móveis suecos, lustres da Tchecoslováquia, cristal Baccarat e porcelana de Limoges.
O hotel empregava mais de mil funcionários e oferecia 230 apartamentos de alto padrão, algo inimaginável para o Brasil desta época. Guinle também importou alguns dos melhores profissionais da Europa para as cozinhas dos restaurantes do Palace.
O auge da fama
Localizado em uma cidade famosa pelo seu Carnaval, o Copacabana Palace não poderia deixar de contar com seu próprio baile. No primeiro sábado de Carnaval após sua inauguração, em fevereiro de 1924, foi realizado o Baile do Copa, que se tornaria uma tradição da cidade e desejo de consumo de foliões de todo o país. Na noite do baile, que passou a ser comemorado todos os anos, multidões passaram a reunir do lado de fora do hotel para ver as celebridades chegarem em trajes deslumbrantes.
No entanto, ainda viria o sucesso internacional. Graças ao musical Flying Down to Rio, as estrelas de Hollywood descobriram Copacabana e seu hotel majestoso, em 1933. Uma das cenas mais emblemáticas do musical exibia o Copacabana Palace, o que colaborou para a sua fama. Em pouco tempo, multiplicaram-se as visitas de ricos e famosos ao Rio de Janeiro, normalmente tendo o Palace como destino para essas viagens.
Em poucos anos, foram registradas, no livro do hotel, as assinaturas de celebridades como Henry Fonda, Bing Crosby e Walt Disney, entre muitos outros. Além da paradisíaca praia de Copacabana da época, os hóspedes buscavam o luxo e o lazer proporcionado nas dependências do hotel, que incluía um cassino completo.
A partir do final da década de 1930, com a inauguração de seu Golden Room, primeiro grande local de shows de Copacabana, o Palace passou também a receber shows dos grandes artistas daquele momento.
Nas décadas seguintes, apresentaram-se no hotel estrelas do porte de Ella Fitzgerald, Edith Piaf, Nat King Cole, Sammy Davis Jr., Tony Bennett e Ray Charles, entre outros. O surgimento da bossa nova também tem estreita relação com o Copacabana Palace, já que foi sua primeira apresentação pública ocorreu justamente no Golden Room, em 1961.
Mesmo com o início da segunda guerra mundial, o fluxo de hóspedes e a fama do Copacabana Palace continuaram crescendo nas décadas seguintes. Era comum faltarem quartos, com a imensa demanda de turistas de todo o mundo.
O final da guerra e a queda do governo Vargas levaram grandes mudanças também no Palace. O novo presidente, Gaspar Dutra, proibiu os cassinos no Brasil. Com isso, em 1949, foi inaugurado o Teatro Copacabana, de 500 lugares, no espaço onde ficava o cassino do Palace. O novo teatro passou a receber muitas produções brasileiras, além de espetáculos de companhias estrangeiras.
Decadência e ressurgimento
Com a morte de Octávio Guinle, em 1968, e a chegada de cada vez mais hotéis modernos, de cadeias internacionais, à Zona Sul, teve início a um período difícil para o maior hotel do Rio. Nos anos 1970 e 1980, chegou a ser cogitada a demolição do Copa.
Em 1989, o Copacabana Palace foi comprado pela rede Orient-Express Hotels, Trains & Cruises. O hotel passou por uma série de reformas, com as quais se buscava posicioná-lo novamente entre os melhores hotéis da América do Sul. No final de 1991, a famosa piscina do hotel foi totalmente reformada, além de parte das acomodações.
Em setembro de 2006, foi a vez do Antique Casino ser reaberto, como salão de eventos. Os jogos de azar seguem proibidos no local, apesar de, conforme este artigo, haver um movimento de retomada das propostas de legalização dos cassinos no Brasil, incluindo cassinos online.
Em 2018, o Copa foi adquirido pelo grupo Belmond, proprietário de outros 25 hotéis de luxo pelo mundo. Com isso, renovou sua posição entre os hotéis mais charmosos do Brasil.
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