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Apaixonado por viagem e pelas variações de comidas brasileiras? Venha fazer uma viagem pelos sabores e curiosidades da gastronomia do Brasil
Confira a seguir alguns detalhes e preparos de pratos típicos de cada região, incluindo os do Sudeste (Moqueca Capixaba e Espeto de Rojão); do Sul (Barreado e Arroz de Carreteiro); do Norte (Maniçoba e Tacacá); do Nordeste (Tapioca e Sarapatel); e Centro-Oeste (Empadão Goiano e Saltenha)
Como podemos definir as comidas brasileiras? Da mesma forma que o povo é um caldeirão de raças e influências diversas, essas mesmas tendências acabaram por se transferir para a gastronomia nacional, tomando formas peculiares e diferentes de acordo com a região onde eram adotadas.
Muitos componentes usados no preparo de refeições são de origem indígena, tendo sido ligeiramente modificados por influência de escravos africanos ou de colonizadores portugueses, que substituíram ingredientes que faltavam por outros locais. Elementos como azeite de dendê e cuscuz vieram dos escravos desde o século XVI, enquanto outros acabaram vindo para nosso dia a dia culinário com os imigrantes europeus dos séculos XIX e XX.
Viaje pela gastronomia nacional e conheça as comidas brasileiras predileta dos turistas
Gastronomia na região Sudeste
Algumas iguarias típicas da região como o pão de queijo mineiro (equivalente à chipa paraguaia) são hoje famosos no exterior, enquanto outros, como biscoitos de polvilho (usados em algumas receitas de pão de queijo) ainda são estranhos ao paladar do exterior.
A cozinha do Sudeste acabou por se reinventar principalmente à base de doces à base de laranja-da-terra, abóbora e mamão. Os pratos de Minas Gerais acabam por ter um gosto diferente principalmente pelo uso de panelas feitas de pedra-sabão.
Diversos restaurantes em São Paulo oferecem clássicos como o virado à paulista, à base de arroz, tutu de feijão, couve-de-folhas salgada e pedaços de carne de porco. O cuscuz paulista é um outro destaque, feito da mistura de influências africanas e indígenas da região.
Dois pratos famosos são a moqueca capixaba e o espeto de rojão. Vamos conhecer um pouco de cada um. Famosa principalmente no Espírito Santo, a moqueca capixaba difere do prato similar de origem baiana pelo fato de não levar pimentão, azeite de dendê ou leite de coco. Sua origem viria da peixada portuguesa alterada pelos africanos. Em uma carta datada de 1610 o padre Monteiro descreve o prato como “a carne de moquém, garante, se vai assando com tal têmpera, que leva vantagem a toda invenção do assado, na limpeza, na ternura e sabor”.
Os principais peixes usados no prato são Cação, Badejo, Garoupa, Namorado, Dourado, Filhote, Papaterra. Dentão, Pintado e Robalo. Cada receita possui uma particularidade diferente que inclui até a escolha correta da panela na qual será preparada.
O Espeto de Rojão é um prato originário de Ribeirão Grande, interior de São Paulo. A carne usada é a suína, que é amarrada a um espeto de madeira com eucalipto, que dá o sabor original da iguaria. Pesquisas indicam que o prato é resultante de uma tradição de 150 anos e foi mantido pelos descendentes dos criadores, que ligaram o prato à região.
O preparo é feito com nove ingredientes: carne de porco moída pernil e lombo, cheiro verde, sal, alho, cebola, ovos, farinha de milho peneirada bem fininho, pimenta e vinagre. No começo a carne era preparada em pilões, que hoje foram substituídos por equipamentos mais modernos.
Em seguida os ingredientes são adicionados à carne até formar uma pasta uniforme, molda-se no espeto e amarra-se com barbante de algodão. Depois é só levar ao braseiro, pois não é assado no forno.
Algumas iguarias típicas da região como o pão de queijo mineiro (equivalente à chipa paraguaia) são hoje famosos no exterior, enquanto outros, como biscoitos de polvilho (usados em algumas receitas de pão de queijo) ainda são estranhos ao paladar do exterior.
Gastronomia na região Sul
Hoje já é possível encontrar uma iguaria originária da região sul em restaurantes que vendem comida por quilo. Não se trata do famoso churrasco, mas sim do arroz de carreteiro, prato surgido para prover os que transportavam cargas pelo sul em carretas puxadas por bois. A tradição era de jogar numa panela de ferro charque (carne de sol) picada com arroz, algo que um viajante solitário poderia preparar sozinho.
Esses viajantes valiam-se de charque, um produto que se conserva por muito mais tempo depois de devidamente preparado. O prato em si é hoje um destaque da cozinha gaúcha e leva carne bovina fresca picada, moída ou sobras de churrasco, às vezes paio e linguiça em pedaços, refogados em bastante gordura, com alho, cebola, tomate e cheiro-verde. Essa versão acabou se tornando mais popular do que a original, que acabou sendo adaptada com o passar dos tempos.
Já o Barreado é um prato que deve ser preparado com bastante cuidado para se obter um bom resultado. Esse prato do litoral paranaense é de origem açoriana e veio com os portugueses no século XVIII. O tempero, que teria sido conservado a partir de registros obtidos da vila de Guaraqueçaba, acabou trazendo outras características culturais como o fandango e a dança de tamancos.
O prato deve ser preparado num caldeirão de barro, com tampa do mesmo material, permanentemente levada ao fogo para que seja mantida a 100o C. O caldo grosso que se forma mantém o sabor da carne que se desmancha devido ao grande calor gerado pelo caldeirão tampado.
Os ingredientes incluem um ou mais tipos de carne bovina de segunda e magra, como a paleta, a maminha e o patinho, temperados com cebola, alho, toucinho de porco, pimenta-do-reino, louro e cominho e cozida até desmanchar. O resultado é adicionado à farinha de mandioca e servido com arroz e banana-da-terra fatiada, com algumas variações. O tempo de cozimento ideal é de cerca de vinte horas. Algo de fato bastante trabalhoso e tremendamente delicioso.
Gastronomia na região Norte
Indo mais para o norte, chegando até o Pará, encontramos um prato bastante singular chamado Maniçoba, surgido de tribos indígenas locais e que tem como principal ingrediente a maniva, a folha da mandioca moída.
Tal ingrediente é moído e cozido por uma semana para poder se extrair o ácido cianídrico, componente venenoso. Em seguida são adicionadas carnes bovina e suína, dentre outros ingredientes igualmente salgados. O prato é servido com arroz, farinha de mandioca e pimenta.
O prato também é típico da região do recôncavo baiano, sobretudo dos municípios de Cachoeira e Santo Amaro, onde é servida durante eventos comemorativos locais, vendido em feiras livres como bolos ou pratos feitos. No Pará, onde é muito conhecido e difundido, tem o nome de feijoada paraense.
O Tacacá vem da região amazônica. Pesquisas indicam que é uma variação do mani poi, uma sopa apreciada pelos indígenas antes da chegada dos europeus. O primeiro escrito que registra o prato data do século XVI pelo padre capuchinho Abbeville. É feito com um caldo de cor amarelada chamado tucupi, colocado por cima da goma de mandioca, também servida com uma erva que causa dormência na boca chamada jambu e camarão seco. Serve-se em cuias temperado com pimentas e a altas temperaturas. O tucupi e a goma são resultados da massa ralada da mandioca que, depois de prensada, resulta num líquido leitoso-amarelado.
Gastronomia na região Nordeste
Do nordeste vem a tapioca bastante difundida pelo território nacional. Embora não seja em si um prato, mas sim uma denominação genérica, é bastante consumida. Trata-se da fécula extraída da mandioca, usualmente preparada em forma granulada, que é usada como ingrediente principal de algumas iguarias típicas do Brasil, como o beiju, quitute indígena descoberto pelos portugueses em Pernambuco no século XVI.
A Tapioca pode ser rastreada até os primeiros anos de colonização, quando os portugueses em Pernambuco passaram a usá-la como substituta para o pão. Em Olinda havia uma grande demanda para consumo de farinha e a goma extraídos da mandioca desde o século XVI. Esse subproduto se espalhou pelos índios cariris no Ceará e os jês, na Amazônia.
O Sarapatel se tornou um prato típico de estados como Alagoas, Pernambuco, Bahia, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí e Sergipe. Em uma de suas “encarnações” é preparado com vísceras de porco e como sangue desse animal coalhado e cortado em pedaços. Tem alta concentração de gordura, causada pelo acréscimo de pedaços de toucinho e tripa.
Durante o cozimento acrescenta-se hortelã e uma ou duas grandes pimentas-de-cheiro, inteiras. Vem em geral acompanhado de farinha ou de arroz. Em outros estados como Ceará e Alagoas o prato não leva tripa e a hortelã é substituída pela folha de louro.
Gastronomia na região Centro-Oeste
No Centro-Oeste, o outro destaque da comida brasileira é o Empadão Goiano que, pelo próprio nome, já diz sobre sua origem. Com ingredientes originários daquele estado, o prato inclui farinha de trigo e azeitonas. Um empadão individual tem 25 centímetros de diâmetro, podendo chegar a mais de 35.
Seu recheio varia: frango, lombo, pernil, restos de frango, linguiça ou mesmo peru. Além da carne também são inclusos queijo de minas, guariroba, azeitonas em molho à base de tomate, milho verde, ovos, vários tipos de pimenta e legumes.
É um dos pratos regionais mais conhecidos no Brasil e encontra-se em processo de reconhecimento como Patrimônio de Natureza Imaterial pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
Por fim temos um pastel originário da Bolívia e se tornou muito popular no Acre, onde se tornou uma iguaria consumida desde o início da formação do estado, uma vez que originariamente pertencia à Bolívia.
Anos depois, o consumo se expandiu para os estados de Rondônia e para outras cidades do Centro-Oeste do Brasil que fazem fronteira com a Bolívia, como Corumbá. Na década de 1960 havia uma saltenharia em atividade em Rondônia, a J.Lima, que ainda hoje está em plena atividade.
Por sua semelhança com um calzone a variedade de ambos é quase a mesma: pastéis de massa recheados com carne, porco, frango, soja, dentre outras.
A variedade dos pratos é enorme e há muitos motivos para se experimentar os pratos típico da cozinha brasileira. Topa o desafio?
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