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Conheça a história de Santos Dumont, um mineiro que conquistou o mundo com sua genialidade e deixou um incrível legado para a aviação moderna
Alberto Santos Dumont foi um dos maiores inventores de sua época e deixou um legado eterno. Nascido em Minas Gerais, no ano de em 1873, dedicou sua vida à busca incansável de desafiar as leis da gravidade e conquistar os céus. Sua genialidade e engenhosidade o levaram a desenvolver inovações revolucionárias que deixaram uma influência duradoura no campo da aviação.
Neste texto, contaremos a sua fascinante história, desde a infância inspirada pelos livros de Júlio Verne e a engenharia da fazenda onde nasceu, até a sua conexão com a França, onde encontrou o ambiente propício para aprimorar suas habilidades científicas. Ao longo de sua carreira, Santos Dumont construiu diversos modelos de aeronaves, bateu recordes e foi reconhecido internacionalmente como um dos maiores nomes da tecnologia. Infelizmente, seus últimos anos foram marcados pela depressão e doenças mentais. Apesar disso, o legado de Santos Dumont continua vivo e inspira novas gerações de cientistas e inventores, e seu nome é lembrado como um dos mais importantes na história da aviação e da ciência.
História de Santos Dumont
Alberto Santos Dumont foi um cientista brasileiro conhecido por suas notáveis contribuições no campo da aviação. Ele nasceu em 1873, em Cabangu, distrito de João Ayres, interior de Minas Gerais. Atualmente, a cidade leva seu nome e possui um museu com diversos objetivos pessoais. Seu pai, Henrique Dumont, era engenheiro e era filho de franceses, e sua mãe, Francisca de Paula Santos, era filha de um comendador.
O casal foi morar em terras mineiras, pois Henrique havia sido contratado para construir um trecho da Rodovia Dom Pedro II. Chegando lá, decidiu comprar uma fazenda de café, que era uma das atividades mais rentáveis à época. No total, tiveram oito filhos, e Santos Dumont era o sexto entre os irmãos.
Foi nesse ambiente que o jovem teve as primeiras noções de mecânica, ao olhar o funcionamento do maquinário e a grande estrada de ferro que seu pai havia construído nas terras da fazenda. Outra grande influência em sua vida – e na sua paixão por voar – foi o escritor francês Júlio Verne, de quem tinha vários livros. Essa foi a base perfeita que fez Santos Dumont desenvolver o seu interesse pelos céus e pela aviação, tornando-se um dos grandes cientistas brasileiros.
Conexão Brasil x França
Em 1890, Henrique Dumont sofreu um acidente de charrete que o deixou com um dos lados do corpo paralisado. Em busca de um tratamento especializado, ele decidiu vender a fazenda e partir com a família para Paris. Não sabia Santos Dumont que a Cidade Luz tinha exatamente todas as condições para desenvolver suas habilidades científicas. A capital francesa vivia a Belle Époque e a efervescência de progresso e avanço científico na Europa. Nessa época, mesmo interessado em dirigíveis e balões, ele começou a estudar motores de combustão interna, pois ainda dependia financeiramente do pai.
No final de 1891, sua família decidiu voltar ao Brasil e Dumont foi emancipado pelo pai. Ao receber sua parte da herança, decidiu voltar a Paris para continuar seus estudos. Ele contratou um professor, que o auxiliou em alguns assuntos, como física e química e, algum tempo depois, ingressou na Universidade de Bristol, na Inglaterra. Como ouvinte, aprimorou seus conhecimentos em construção de motores e objetos aeronáuticos e navais.
O primeiro homem a dirigir um carro na América do Sul
Quando foi a Paris pela primeira vez, com a sua família, Santos Dumont começou a estudar motores de combustão interna. E, para entender melhor como tudo funcionava, decidiu comprar um carro fabricado pela Peugeot. Ao retornar ao Brasil, no final de 1891, ele trouxe consigo o veículo, tornando-se o primeiro homem a dirigir um carro na América do Sul. Esse feito demonstrou seu pioneirismo e interesse em explorar novas fronteiras tecnológicas.
O pai da aviação
No ano de 1897, Santos Dumont começou os seus experimentos na área da aeronáutica. Após alguns insucessos, ele alcançou seu primeiro voo bem-sucedido com um dirigível em setembro de 1898, atingindo a altitude de 400 metros. Em novembro de 1901, conquistou o Prêmio Deutsch, pilotando um dirigível por até 30 minutos em Paris. Seus projetos continuaram a evoluir, e Dumont se tornou uma figura célebre na cidade.
Em 1905, começou a trabalhar em projetos para desenvolver uma aeronave mais pesada que o ar. E o resultado foi o famoso 14-Bis, um aeroplano equipado com um motor de 50 cavalos de potência. Seu primeiro voo aconteceu em outubro de 1906, atingindo 60 metros de altura. Pouco tempo depois, ele realizou outro voo na presença de membros da Federação Aeronáutica Internacional (FAI). Neste, ele alcançou 220 metros de distância e uma altura de seis metros.
Em 1909, ele apresentou o Demoiselle, um avião mais atualizado e que chegou a alcançar 90 km/h. E, apesar de não ter patenteado sua invenção na época, seus estudos influenciaram a construção de muitos aviões posteriores.
Controvérsias e títulos
Uma grande controvérsia marca a história de Santos Dumont. Afinal, quem inventou o avião? Embora ele seja celebrado no Brasil como o pioneiro da aviação, internacionalmente sua posição é questionada, uma vez que o crédito é atribuído aos irmãos Wright. Orville e Wilbur Wright realizaram seus primeiros voos controlados em 1903, em Kitty Hawk, Carolina do Norte. Por isso, cronologicamente, são amplamente reconhecidos como os responsáveis pelo primeiro avião motorizado e controlável.
No entanto, de acordo com as regulamentações estabelecidas pelo prestigiado Aeroclube da França, que era a principal instituição aeronáutica da época, apenas as invenções de máquinas capazes de decolar de forma autônoma, ser totalmente controladas pelo piloto e ter suas demonstrações supervisionadas pela comissão seriam consideradas para competir pelos prêmios. Como o Flyer I – avião dos irmãos Wright – não era capaz de levantar voo sozinho e o primeiro voo não foi realizado diante da comissão francesa, não estava dentro das regras.
Algumas divergências de abordagens e enfoques técnicos levam a um debate histórico sobre quem deveria ser considerado o verdadeiro inventor do avião. Embora Santos Dumont tenha sido um pioneiro e desempenhado um papel significativo no avanço da aviação, a atribuição formal da invenção é comumente concedida aos irmãos Wright.
Legado e fim trágico
Santos Dumont deixou um legado significativo na história da aviação. Suas inovações e contribuições revolucionaram o campo aeronáutico e abriram caminho para o desenvolvimento dos aviões modernos. Seus projetos, como o 14-Bis, influenciaram diretamente os primeiros avanços da aviação em todo o mundo.
No entanto, a vida pessoal de Dumont foi marcada por momentos de melancolia e tristeza. Logo após sofrer um acidente com o Demoiselle, em 1910, decidiu se aposentar. Na mesma época, recebeu o diagnóstico de esclerose múltipla. Outro fator que influenciou muito a sua saúde mental foi o uso dos aviões na Primeira Guerra Mundial. À medida que a aviação se tornava uma ferramenta de guerra e perdia seu caráter pacífico e progressista, o inventor passou por um período de profunda desilusão. Ele ficou tão abalado que, em 1926, chegou a pedir à Liga das Nações que o seu uso fosse proibido para tal fim.
Depois de passar por diversas casas de repouso e já bastante debilitado, voltou ao Brasil e passou a morar na companhia de um sobrinho, em hotel no Guarujá, onde tirou a própria vida, em 23 de julho de 1932. O inventor já havia preparado seu túmulo desde 1922 no Cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro, onde está enterrado ao lado de seus pais, e sob uma estátua de Ícaro – o homem que tentou voar com asas feitas de penas de pássaro e cera de abelha.
Apesar de seu fim trágico, o legado de Santos Dumont permanece vivo. Ele é reconhecido como um dos maiores inventores e pioneiros da aviação, deixando um impacto duradouro na história da ciência e da tecnologia.
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