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Devolução dos objetos saqueados da Nigéria pelo museu deve ocorrer ainda este ano e atende a pressão política por uma reparação histórica aos povos africanos
O Museu Horniman, que fica em Londres, anunciou que vai devolver 72 objetos saqueados da Nigéria no período da colonização britânica, no século 19. Tratam-se de artefatos do Reino de Benin, incluindo 12 placas de bronze, conhecidas como Bronzes do Benin, um galo de bronze e uma chave do palácio do rei. A decisão atende a um pedido da Comissão Nacional de Museus e Monumentos da Nigéria (NCMM), feito em janeiro.
Segundo a BBC News, a presidente do museu Eve Salomon, disse que era “moral e apropriado” devolver os objetos, de grande importância cultural para os nigerianos. E que a decisão foi apoiada por membros da comunidade, visitantes, crianças em idade escolar, acadêmicos, profissionais da área de patrimônio e artistas baseados na Nigéria e no Reino Unido. O Museu Horniman fica no sudeste de Londres, em Forest Hill.
Reparação histórica
A devolução do Museu Horniman ocorre após outros museus europeus também decidirem devolver os objetos saqueados da Nigéria. Recentemente, autoridades alemãs devolveram mais de 1.100 artefatos ao país da África Ocidental. Além disso, o Jesus College em Cambridge, da Inglaterra, e a Universidade de Aberdeen, da Escócia, enviaram à Nigéria uma escultura de galo e outra da cabeça de um obá (rei), em julho.
A verdade é que, nos últimos anos, aumentou a pressão política sobre os governos do Velho Continente para que reparassem a apropriação indevida. Entre os objetos que estão sendo devolvidos estão, principalmente, esculturas de marfim e esculturas de metal conhecidas como Bronzes do Benin.
Mais do que obras de arte, as peças são parte de patrimônios ancestrais e espirituais dos povos africanos e foram roubados durante a época colonial. Os Bronzes de Benin, por exemplo, são milhares de esculturas feitas pelos povos edos a partir do século 16 no antigo Reino de Benin, no sudoeste da Nigéria. Por volta do ano de 1897, os soldados britânicos se apoderaram de muitas delas. A maior parte das peças ficou no Museu Britânico de Londres e o restante seguiu para outros museus.
Apesar da pressão política atual para que os objetos saqueados voltem à Nigéria, o Museu Britânico, que detém a maior coleção de Bronzes de Benin do mundo, afirma que não pode devolver os artefatos. Segundo a instituição, a Lei do Museu Britânico de 1963 e a Lei do Patrimônio Nacional de 1983 o impedem.
Devolução dos objetos à Nigéria
De acordo com a BBC News, a devolução dos 72 objetos pelo Museu Horniman à Nigéria deve ocorrer ainda este ano. Além disso, museus americanos e o conselho da cidade de Glasgow, na Escócia, para que outros artefatos sejam entregues aos nigerianos até dezembro.
Seguindo esse movimento de entrega dos objetos saqueados dos povos africanos, em 2018, o presidente francês Emanuel Macron encomendou um relatório que recomendava a alteração das leis francesas para possibilitar a devolução dos artefatos aos países de origem. E, em novembro de 2021, a França devolveu à Nigéria 26 objetos do “tesouro real de Abomey”, saqueado no século 19.
Ainda segundo a publicação, algumas das esculturas de valor inestimável serão expostas no Museu Nacional do Benin, que passará por uma ampliação. Outras, ficarão no Museu Nacional da Nigéria, em Lagos, conforme informou a Comissão Nacional de Museus e Monumentos da Nigéria.
Outros países africanos também receberam, recentemente, objetos de grande importância cultural que estavam em posse de nações europeias. Um deles foi a República Democrática do Congo (RDC). Em junho, governo belga devolveu os únicos restos mortais do líder Patrice Lumumba, primeiro-ministro do país pós-independência.
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