O mundo é delas: evento em São Paulo reúne mais de 600 mulheres viajantes

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O 2º Encontro Brasileiro de Mulheres Viajantes reuniu mais de 600 mulheres em dois dias de debates, palestras e muita emoção

Pagar 30 mil dólares em uma experiência inusitada ou vender miçangas na estrada: não importa o perfil de viajante, o mundo é um lugar para mulheres. Entre contrastes, histórias, risadas e inevitáveis lágrimas, o 2º Encontro Brasileiro de Mulheres Viajantes reuniu, em São Paulo, mais de 600 mulheres em um fim de semana repleto de palestras e debates em pleno Dia Internacional da Mulher.

Com uma plateia participativa e atmosfera descontraída, o evento possibilitou a troca de experiências entre viajantes com os mais variados perfis: mães, empreendedoras, mochileiras, viajantes de luxo, viajantes solo, aventureiras, entre outras.

Palestrantes do 2º Encontro Brasileiro de Mulheres Viajantes. Foto: Divulgação

Idealizadora do evento, a jornalista e turismóloga Gilsimara Caresia, que já esteve em mais de 100 países, conduziu as convidadas e dividiu também sua história com o público: a viajante abandonou uma carreira consolidada no mercado financeiro para tirar dois anos sabáticos em uma viagem de volta ao mundo.

Gilsimara apresentou parte de suas aventuras e experiências pela India, Machu Picchu, Tailândia, entre outros destinos, além de mostrar que é possível viajar gastando pouco. “Estar inserido em uma cultura nos faz quebrar todos os julgamentos que temos sobre ela. A viagem é capaz de libertar tudo o que queremos ser”, disse a empreendedora.

De miçangas à estratosfera 

Dina Barile. Foto: Arquivo Pessoal

A entusiasta por viagens exóticas e repletas de aventuras, Dina Barile, de 63 anos, foi uma das palestrantes do evento. Entre mais de 140 países visitados, ela carrega consigo o título de primeira e única brasileira a conhecer  a estratosfera terrestre.

A bordo de um caça MIG 29, na base de Sokol, na Rússia, em 2017, ela subiu a mais de 16 mil metros da Terra. Além dessa incrível experiência, na qual teve que se preparar fisicamente durante seis meses e desembolsar mais de 30 mil dólares, ela também já esteve em destinos nada convencionais como a Porta do Inferno, no Turcomenistão, as dunas gigantes do deserto da Namíbia e viu de perto lavas de vulcão em contato com o oceano em Hilo, no Havaí.

Manoela Ramos. Foto: Reprodução/Instagram

Em contrapartida, a jovem publicitária Manoela Ramos, resolveu vender arte nas estradas para bancar uma vida nômade de viagens pelo Brasil. “Eu vendi miçangas subindo para o Nordeste e desci para o Sudeste vendendo crochês, trabalhei em bares e restaurantes para rentabilizar minhas viagens”, disse.

Baseada nas suas experiências em gastar o mínimo possível, ela trocou o artesanato pela escrita, onde encontrou seu verdadeiro talento. Em seu livro, “Confissões de Viajante (Sem Grana)”, a mochileira dá dicas para economizar na estrada e também relata suas aventuras. Atualmente, ela mantém suas viagens com a venda dos livros pelas cidades por onde passa.

As delícias, desafios e superação das mulheres viajantes

Silvinha Mantovani. Foto: Reprodução/Instagram

Ser mulher e viajar é também um exercício de libertação, coragem e, sobretudo, transformação. Foi o caso da advogada Silvinha Mantovani, que se viu sem rumo ao sair de um relacionamento abusivo. “Minha vida virou um inferno, morava na Espanha e tive que fugir”, desabafou em seu relato no evento.

Após enfrentar uma depressão, ela resolveu investir na ideia de visitar 40 países antes de completar 40 anos de idade, criando um conta no Instagram (@40antesdos40) para registrar cada viagem. Superando esta meta de países e também os problemas do passado, a viajante hoje se redescobriu e conta sua história no livro “40 antes dos 40: como um passaporte mudou minha vida”. No entanto, ela reforça que o primeiro passo para mulheres que enfrentam os mesmos problemas, como depressão e relacionamentos abusivos, é sempre buscar ajuda profissional.

Lala Rebelo. Reprodução: Instagram

Já a influenciadora Lala Rebelo, mesmo após ser mãe, continuou mantendo sua rotina de viagens pelo mundo. Apesar dos desafios, o pequeno Vinícius, de 2 anos, já conhece 12 países – incluindo Portugal, Grécia e Emirados Árabes – sendo seu primeiro voo com apenas três meses de idade. “É necessário entender que não só a viagem, mas muita coisa vai mudar com filhos. No entanto, isso não significa deixar de fazer o que te deixava feliz antes. Quando você percebe isso, suas viagens com seus se tornam muito mais prazerosas”, explicou a influencer, que está grávida de 7 meses e pronta para novas viagens.

Uma coragem para poucos

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Juli Hirata. Foto: Reprodução/Instagram

Nada é capaz de impedir uma mulher de realizar seu sonho de viajante. É o caso de Juli Hirata, que emocionou a plateia com seu depoimento. A bióloga largou tudo em 2016 para embarcar em um projeto ousado: visitar as Américas do Norte e do Sul, do Alasca ao Ushuaia, sozinha e de bicicleta. Até o momento, foram 14 países e mais de 20 mil quilômetros de pedal até o Alasca, com uma parada especial em São Paulo para participar do evento e, então, prosseguir rumo ao Ushuaia.

Em sua jornada até o momento, a ciclista passou por mais 64 unidades de conservação, onde conseguiu vivenciar experiências realmente singulares em meio à natureza. “Eu não teria condições de ver a fauna se eu não estivesse tão silenciosa, tão pouco impactante e com tão pouca coisa”, relatou. O projeto “Extremo das Américas”, pode ser acompanhado pelo Instagram (@juli_hirata) e também um blog.

Já a bailarina Aeysha Zangaro esteve no topo do mundo – e não só isso: foi a brasileira mais jovem a chegar lá, aos 23 anos. A paixão pela montanha começou cedo, quando Aeysha tinha 15 anos e foi com os pais até até o campo-base do Everest. Depois, disso, ela desbravou muitas outras montanhas geladas, como o Aconcágua, na Argentina, e o Monte Elbrus, na Rússia.

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Foto: Aeysha Zangaro/ Instagram

Após oito anos de preparação, chegou a vez de ir ao topo do Everest. Foram dias intensos de reflexões, exaustão, frio, cansaço e situações de risco que, no final, valeram a pena. “Para mim, se você realmente quer, é sim possível chegar lá. Cada uma de nós tem um Everest na vida”, disse. Agora, ela se prepara para enfrentar a Vinson Massif, a mais alta montanha do continente antártico.

Quando a viagem não é uma escolha 

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Prudence Kalambay. Foto: Divulgação

Uma viagem nem sempre acontece para ser inspiradora, vivenciar novas experiências ou enfrentar desafios. Por vezes, viajar não é uma escolha, mas sim a única opção. Este foi o caso de Prudence Kalambay, que teve que fugir de Kinshasa, capital da República Democrática do Congo, por conta de perseguição política.

No Brasil há 11 anos, ela reforçou que o Dia Internacional da Mulher é um momento de luta. “Muitas mulheres estão sendo usadas como arma de guerra. Hoje é um dia para lutar e pedir pelas mulheres que estão sendo assassinadas a cada minuto pelo mundo. Nós temos que levantar a voz e dizer basta”, disse, finalizando o encontro. Atualmente, Prudence é ativista de direitos humanos, palestrante e modelo.

Sobre o Encontro Brasileiro de Mulheres Viajantes 

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Foto: Guia Viajar Melhor

O Encontro Brasileiro de Mulheres Viajantes teve sua primeira edição no ano passado, em 2019, em São Paulo. Na ocasião, todos os ingressos do evento foram esgotados, atraindo mais de 400 mulheres de 16 estados brasileiros . “O evento atende todos os perfis diferentes de mulheres viajantes: jovens, maduras, solteiras, casadas, com filhos, mochileiras e até viajantes de luxo. A intenção é essa, mostrar para qualquer uma que dá pra viajar, basta querer”, disse Gilsimara, idealizado do evento, ao Guia Viajar Melhor.

O evento ainda não tem data nem espaço definidos para 2021, mas quem quiser se informar sobre as próximas ações pode acompanhar todas as informações no Instagram (@encontrodemulheresviajantes) e no grupo do Facebook.

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