Gastronomia exótica? Essas são as comidas mais ‘estranhas’ para comer em uma viagem

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Quando Indiana Jones e o Templo da Perdição chegou aos cinemas em 1984 trouxe no roteiro um prato para lá de exótico: sorvete de cérebro de macaco. Muitos acharam que se tratava de invenção da trama, sem saber que o ingrediente principal era já saboreado por tribos africanas séculos antes.

Desde então as comidas estranhas se tornaram o principal assunto quando se trata de gastronomia exótica. Isso porque, nessa categoria, há pratos menos e mais fora do comum. Por isso resolvemos trazer para vocês os seis pratos que são, por si mesmos, tão excêntricos que merecem portar o título de verdadeiras curiosidades da gastronomia.

Antes de mais nada, um lembrete: antes de embarcar para um outro país é sempre útil se informar com antecedência quais os hábitos alimentares locais para evitar dar vexame em público. Lembrem-se de que é comum encontrar hábitos diferentes, mas ninguém quer passar mal só porque comeu algum inseto ou parte de um animal que normalmente não se consome em sua terra natal. É importante, numa era de valorização da diversidade em todos os segmentos do dia a dia, observar e respeitar também as diversas formas de alimentação. Mesmo que isso o faça querer vomitar.

E não pensem que só no exterior é que encontramos comidas estranhas. No Brasil há casos considerados comuns, como o caldo de turu, também chamado de teredo ou cupim do mar, parte das culinárias paranaense e amazônica, além de ser consumido nos estados do Maranhão e do Amapá. Trata-se de um molusco que parece uma minhoca com dentes que cavam galerias em madeiras submersas. É consumido vivo e cru, além de ser usado em caldos com farinha ou moquecas. Também é uma isca comum usada por caçadores para capturar o macaco-do-mangue, uma iguaria que, com pimenta acrescentada, atrai o bicho e, uma vez consumido, o desorienta, tornando-o um alvo fácil.

Não adianta sentir asco ou nojo: os pratos a seguir são considerados delicatessen da gastronomia exótica e alguns são bem caros. Prepare o bolso, o estômago e o sal de frutas para um show de sabores excêntricos e de outros mundos!

Sour Toe Cocktail

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Foto: Divulgação

Comecemos com um aperitivo, um dos mais bizarros do mundo: Dawson City é uma pequena cidade no norte do Canadá, conhecida por sua história da corrida do ouro ou pelas radiantes folhas vermelhas do outono.

É de lá que vem este coquetel azedo, uma invenção que leva uma receita incomum: 29 ml de álcool e um dedão humano mumificado, enrugado e enegrecido.

O desafio, mantido pelo Sourdough Saloon, presenteia o consumidor com um certificado, testemunha da missão cumprida: com os demais clientes ao redor de você, é entoado o lema “beba rápido ou beba devagar, mas seus lábios devem tocar este dedão nodoso”.

Desde que o dedão do pé de Louie Linken sucumbiu ao congelamento em uma expedição dos anos 1920, mais de dez dedos foram doados para manter a tradição viva.

E aparentemente o desafio já foi encarado por representantes da grande mídia do mundo todo. Uma reportagem publicada no jornal USA Today assegura que todos os clientes entrevistados recomendam o drinque. Um deles, uma mulher acompanhada pelo que ela chama de “capitã dedão” descreveu assim o desafio:

“‘Ela (a capitã) me fez beijar (o dedão do drinque) primeiro”, disse ela. “Essa parte foi traumatizante, era tão nojenta… A textura era realmente nojenta, mas não me lembro do sabor. A sensação era realmente muito nojenta… Era como uma uva passa gordurosa'”.

  • Onde beber?
    1026 Second Avenue, Dawson City, YT Y0B, Canadá.

Aranha Frita

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Foto: Divulgação

No Camboja este é um petisco bastante popular. Em Skuon (Cheung Prey , província de Kampong Cham), o centro da popularidade do prato, os turistas se deparam com os aracnídeos parados em barracas de comida de rua, empanados.

As aranhas que serão consumidas são criadas em buracos no solo em aldeias ao norte de Skuon, ou forrageadas em florestas próximas e fritas em óleo. Não se sabe ao certo como essa prática começou, mas alguns sugerem que tal hábito se deve ao desespero durante os anos de governo do Khmer Vermelho, quando a comida era escassa. A popularização, entretanto, é considerada um fenômeno recente, iniciado na década de 1990.

Do tamanho de uma palma humana, as aranhas são uma espécie de tarântula chamada “a-ping”. Cada uma custa oito centavos de dólar  (45 centavos de real). Alguns guias de turismo as identificam como Haplopelma albostriatum, também conhecida como Tarântula Zebra Tailandesa

O preparo é assim descrito: as aranhas são lançadas em uma mistura de temperos , açúcar e sal. Com o acréscimo de alho, são fritas até que as pernas estejam quase completamente rígidas, quando o conteúdo do abdômen já não está tão líquido.

Consumidores descrevem o sabor como sendo suave , “mais ou menos como um cruzamento entre frango e bacalhau”, com um contraste na textura de um exterior crocante a um centro macio. As pernas contêm pouca carne, enquanto a cabeça e o corpo têm “uma delicada carne branca por dentro”.

O abdômen geralmente não é consumido, pois contém uma pasta marrom que consiste em órgãos, possivelmente ovos e excrementos. Algumas pessoas chamam de iguaria, enquanto outras recomendam não comê-lo de maneira alguma.

  • Onde comer?
    Romdeng – 74 street 174, Phnom Penh, Cambodia.

Carne de Crocodilo

comidas diferentes
Foto: Divulgação

Para aqueles que adoram experimentar um novo tipo de carne e não possuem complexo de Peter Pan ou Capitão Gancho a dica é consumir pratos deste animal, comum nos Estados Unidos, onde até os ovos do réptil viram iguaria culinária.

A carne em si é considerada rica em proteínas e pobre em gorduras, com sabor suave e textura firme. Os norte-americanos  promovem uma curta temporada de caça legal em alguns estados, onde a caça só pode ser obtida legalmente em fazendas de crocodilos e o produto está disponível para compra pelo consumidor em lojas de alimentos especializados, alguns supermercados e também pode ser encomendado pelo correio.

Algumas empresas locais processam e comercializam carne de crocodilo derivada apenas da cauda. Além disso, também pode ser transformado em comida para animais de estimação.

Existem vários métodos de preparação e cozimento, incluindo amaciar, marinar, fritar, estufar, assar, defumar e refogar. A carne é usada em pratos como gumbo, e é comum na cozinha tradicional crioula da Louisiana. Os cortes do animal usados ​​incluem a carne da cauda e da espinha dorsal do animal, que foram descritos como “as melhores partes para consumo”

Há quem se preocupe com o destino desses animais, mas a grande maioria do produto consumido vem de fazendas de criação para tal fim. Outro detalhe: a caça de crocodilos é legal em estados como o Arkansas, Carolina do Sul, Louisiana, Flórida, Geórgia e Texas.

  • Onde comer?
    Dixie Grill and Bar. 5101 S Dixie Hwy, West Palm Beach, Florida, Estados Unidos.

Taguella

Foto: Divulgação

Saindo do mundo ocidental vamos para o lado do deserto do Saara, o de encontramos mais um produto interessante e, por sorte, menos bizarro:o chamado pão de areia. Bem, de acordo com relatos, o pão não é bem feito com esse ingrediente, mas é preparado de um jeito que chama a atenção.

O Taguella é um pão achatado, prato básico do povo Tuaregue que vive no Saara. Tem forma de disco e é feito com farinha de trigo e cozido, para depois ser enterrado sob a areia quente e o carvão de uma pequena fogueira. Quando pronto é então partido em pequenos pedaços e comido com um molho de carne.

É feito de sêmola, trigo ou milho, às vezes misturado com farinha. Depois de ser amassado (por vinte minutos) é assado nas brasas de uma fogueira com cinzas e areia. Com a mão direita os tuaregues comem com molho de tomate e vegetais ou várias carnes, ou ainda pimenta ou sopa e às vezes é temperada com erva-doce selvagem.

Uma variação é chamada de pão vulcânico e vem da Islândia, um país onde a energia geotérmica do solo abastece 30% da eletricidade local  e campos geotérmicos de água potável de até 148 graus Celsius pontilham o país. Isso levou os islandeses inteligentes (e famintos) a descobrirem que o solo também pode servir de forno.

“Cozinhar pão em terra quente é bastante antigo”, explica Nanna Rögnvaldardóttir, autora de vários livros de receitas sobre a culinária de seu país natal. “Tem sido feito dessa maneira há pelo menos 100 anos”.

O pão vulcânico é simplesmente chamado de pão de centeio (ou hverabrauð) e também é conhecido como pão de lava, ou de fonte termal. O processo começa com uma massa de centeio escura e farinha de trigo integral, leitelho, xarope dourado, fermento em pó, bicarbonato de sódio e um pouco de sal. A massa é colocada em um recipiente de metal – até mesmo uma lata velha com tampa serve – antes de ser selada e enterrada no solo para assar por 24 horas.

  • Onde comprar?
    Pão de areia – Taguella Meditetranean Flavours. Route de Monastir, SIdi Abdelhamid, Sousse, Tunísia.
    Pão vulcânico – Laugarvatn Fontana. Hverabraut 1, 840 Laugarvatn, Islândia.

Sanduíches de Cérebro Frito

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Foto: Divulgação

De volta aos pratos excêntricos. Este vem do Egito e usa cérebros de bezerros e vacas como recheio de sanduíches extremamente populares.

Um prato muito famoso no por lá, o cérebro de vaca frita é considerado  saboroso, mas um aperitivo definitivamente ousado. Servido sozinho ou como sanduíche, cérebro de vaca e de cordeiro são muito consumidos e alguns diriam que é delicioso.

Mas não ache que isso é algo típico da cozinha egípcia. Na verdade, cérebros de bovino ou de bezerro são usados na culinária de países como França, Itália, Espanha, El Salvador, México, dentre outros. São chamados de sesos em espanhol e consumidos em tacos e quesadillas. No Paquistão e em Bangladesh são conhecidos em urdu e bengali como Maghaz. Também são bastante consumidos nos Estados Unidos, especialmente em cidades como St. Louis, Missouri e no vale do rio Ohio.

O beef brain, como é comumente chamado, em geral é servido com língua, refogado com beurre noir e alcaparras, ou misturado com ovos mexidos. Na Itália, cervella fritte é um prato popular feito de pedaços de cérebro de boi fritos em massa. Os cérebros da carne bovina têm uma textura pastosa e muito pouco sabor inerente, sendo tipicamente aromatizados com molhos como pimenta e ravigote.

Esse ingrediente merece um certo cuidado,  uma vez que surtos de encefalopatia espongiforme bovina (comumente conhecida como doença da vaca louca) levaram à criação de uma legislação para reduzir os riscos de contrair a variante humana da doença pelo consumo de cérebros e espinhas de bovinos.

Onde comer? Abou Haidar Shawerma. El korba Ibrahim Al Lakani, El-Montaza, Heliopolis, Cairo, Egito.

Site: https://www.google.com/amp/s/restaurantguru.com/amp/shawrmh-abw-hydr-Cairo

Smalahove

comidas diferentes
Foto: Divulgação

Gostar de cabeças e tudo o mais que este órgão do corpo pode produzir parece ser a regra de ouro da cozinha exótica. Prova disto é esta última dica de nossa seleção de pratos estranhos.

A smalahove ou smalehovude é um prato tradicional norueguês ocidental feito com uma cabeça de ovelha que é comido originalmente antes do Natal. O aspecto não podia ser mais bizarro: imagine uma bandeja com uma cabeça dourada do animal bem no centro da mesa…

O nome do prato vem da combinação das palavras norueguesas hove e smale. O primeiro termo é uma forma dialetal de hovud , que significa “cabeça” e smale é uma palavra para “ovelha”, então o título significa literalmente “cabeça de ovelha”. Detalhes do preparo são de dar asco só de pensar: a pele e o velo da cabeça são queimados, o cérebro removido e a cabeça salgada, às vezes defumada e seca. Esta é fervida ou cozida no vapor por cerca de três horas e servida com purê de rutabaga e batatas.

Em algumas preparações, o cérebro é cozido dentro do crânio e depois comido com uma colher ou frito. Originalmente era comido pelos pobres. Mesmo que a cabeça não esteja inteira, a imagem é pouco atraente, já que uma porção geralmente consiste na metade de uma cabeça. A orelha e o olho são normalmente comidos primeiro, pois são as áreas mais gordurosas e é “melhor” comê-los quentes. A cabeça é geralmente comida da frente para trás, trabalhando ao redor dos ossos do crânio.

Desde 1998 e as epidemias de vacas loucas, uma diretiva da União Europeia  proíbe a produção de smalahove feito de ovelhas adultas devido ao medo da possibilidade de transmissão de scrapie, uma doença degenerativa do príon mortal de ovelhas e cabras. Hoje é permitido que seja produzido apenas a partir de cabeças de cordeiros.

  • Onde comer?
    Smalahovetunet. Strandavegen 789, Skulestadmo, Noruega.

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