Afinal de contas, por que o turismo?

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Talvez essa seja uma das poucas (ou únicas) indústrias que prezam e valorizam a diversidade do mundo

Provavelmente este é o único mercado que tem como objetivo principal aproximar os países, as cidades, as culturas e as pessoas. No mundo em que estamos, onde em pleno século XXI ainda se discutem sobre a criação de novas fronteiras, o mercado de viagens segue na contramão dessas propostas e oferta um mundo onde barreiras são feitas para serem quebradas (e atravessadas).

Talvez essa seja uma das únicas formas de aprendermos mais sobre o nosso país e o mundo em que estamos: viajando e indo ver o diferente com os próprios olhos, afinal de contas, é vivendo o diferente que percebemos a importância da diversidade. E isso não se trata apenas de viajar para tirar férias ou descansar em alguma praia deserta. As viagens nos transformam de inúmeras maneiras.

Quando o assunto é a busca pelo turismo de experiências, esses aspectos ficam ainda mais claros e latentes. Algumas agências se especializaram em oferecer viagens com essa finalidade, garantindo algo a mais para quem quer viajar. Uma delas, a agência Ambiental Turismo, oferece roteiros que vão além dos destinos tradicionais e já conhecidos pelo grande público. Todas as viagens são feitas em grupos reduzidos, para minimizar o impacto causado pelo turismo em massa e melhorar a experiência do viajante que embarca nessas aventuras.

O turismo de vivências em comunidades tradicionais brasileiras, por exemplo, mostram a importância do intercâmbio cultural para as comunidades visitadas e também para os visitantes que chegam. Segundo o ancião Wabuá Xavante, da Aldeia Etenhiritipá, em Mato Grosso, “ninguém respeita aquilo que não conhece. Precisamos mostrar a força e a beleza de nossa cultura. Só assim vão respeitar e admirar o que temos”.

Essa frase dita por um ancião de uma aldeia indígena sintetiza a realidade do turismo de vivências. Quando conhecemos iniciativas como essa, temos um embasamento maior para falar sobre o que acreditamos e isso evita cairmos no erro do “achismo” vago e sem fundamento.

Nos aspectos macroeconômicos, também conseguimos entender alguns dados interessantes sobre a distribuição de renda no país e como o mercado de viagens se tornou um multiplicador de receita nacional. Conforme levantamento da Braztoa – Associação Brasileira das Operadoras de Turismo, publicada no seu 51º Encontro Comercial, o turismo garante um efeito multiplicador quando o assunto é a economia interna.

O estado de São Paulo é a maior potência econômica nacional e também o responsável por emitir o maior número de turistas que viajam pelo Brasil. É nessa região que mais de 44 milhões de pessoas vivem e têm suas fontes de renda garantidas. Algumas vezes por ano, motivados pelas viagens, cruzam para os diversos cantos do país em busca de férias, lazer e entretenimento.

É nesse momento que a renda desses milhões de viajantes são distribuídas por toda a cadeia produtiva que engloba o setor de viagens: hotéis, agências de passeios, restaurantes, transporte, comércios, artesãos, parques nacionais e inúmeros outros setores são otimizados graças ao simples ato de viajar. E os benefícios disso são imensos: geração de renda, capacitação profissional, geração de novos empregos diretos e indiretos, além de nivelar a economia de locais emergentes.

Ainda sobre os dados publicados no anuário Braztoa 2019, 77,1% dos viajantes embarcados através das operadoras associadas escolheram os destinos nacionais para viajar.  O Nordeste representa 51,8% dessas viagens. Um número expressivo no que diz respeito à economia interna, boa parte desses viajantes que recebem suas rendas dentro do Brasil, deixaram parte da sua renda dentro do país, minimizando esses aspectos que antes eram ainda mais distantes. Cada vez mais os brasileiros começam a de fato conhecer o Brasil e isso precisa ser comemorado.

Benefícios econômicos do setor de viagens


Segundo relatórios da Organização Mundial do Turismo (OMT), publicado em parceria com a FORNATUR na revista Veja, alguns números expressam bem a realidade da cadeia produtiva do mercado de viagens. Entre eles, o estudo aponta alguns dados que merecem ser compartilhados:

– O mercado de viagens representa 10,4% do PIB mundial;
– A indústria de turismo movimentou U$ 8,3 trilhões apenas em 2017;
– Esse mercado foi responsável por um em cada cinco postos de trabalho na última década;
– A renda gerada pelo mercado de viagens representa 7,9% do PIB nacional;
– Essas iniciativas preservam e incentivam a pesquisa científica no meio ambiente;
– Ajuda na requalificação da infraestrutura e a modernização das cidades;
– Valoriza a conservação do meio ambiente, patrimônio histórico, artístico e cultural;
– Permitiu que países como Portugal e Espanha superassem a última grande crise;
– Otimiza o intercâmbio de ideias e valoriza a preservação de culturas em diferentes níveis;
– É uma das grandes oportunidades econômicas de países da América do Sul, Ásia, África e Oriente Médio;

Foto: Sven Scheuermeier/Unsplash

E quando o turismo se torna algo nocivo?


Quando o turismo em massa se torna predatório, nós como sociedade, turistas e profissionais da área, caímos na armadilha e ficamos fadados ao fracasso. E como solução pragmática, temos que assumir o erro e buscar soluções efetivas para reduzir esses impactos negativos e reverter este cenário. Uma delas é a obrigatoriedade em informar e conscientizar as pessoas, turistas, profissionais da área e sociedade como um todo. A culpa, inclusive, se torna de todos e apenas com a educação necessária e respeito podemos minimizar esses danos sociais e ambientais.

Os fatores sociais e econômicos impactados por esse mercado dificilmente serão revertidos: as pessoas estão viajando cada vez mais e esse número tem tendência a dobrar até 2030 em nível mundial. Como solução prática, apenas compreendendo essa realidade podemos reduzir os danos nocivos causados pelo turismo em massa e esse é um longo trabalho e desafio pela frente.

Informar, educar, respeitar e tomar consciência sobre o local que estamos indo viajar é apenas um começo. Para os profissionais da área, compreender as limitações geográficas de cada lugar se faz necessário, não apenas pelo bem do turista que chega, mas principalmente para manter a qualidade de vida dos moradores que vivem nessas regiões.

Afinal de contas, o turismo não é feito apenas por lugares e paisagens, trata-se de culturas, pessoas e patrimônios imateriais que precisam ser respeitados e preservados. Temos um grande desafio pela frente e apenas com diálogo, estudo e reflexões conseguiremos reduzir esses impactos e distribuir melhor as ofertas turísticas, sem que isso restrinja o desenvolvimento de lugares emergentes que têm como fonte de renda o mercado de viagens.

Está na hora do turismo ser mais sustentável, humanizado e consciente. E esse precisa ser um trabalho de todos: sociedade, empresários, poder público e também uma responsabilidades para os próprios turistas. Acima de tudo, respeite o lugar em que está, busque aprender e não apenas descansar, afinal de contas, precisamos ser a mudança que queremos ver em nossas viagens.

Foto: Les Anderson/Unsplash
Foto: Soroush Karimi/Unsplash

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